Acordo e não sei como sinto;
Vejo-me ao espelho e,
Não sei quem é o reflexo.
Ao andar pelas ruas,
Não sei quem sou ou,
O que faço aqui.
Para dizer a verdade,
Acho que toda a civilização
É um aglutinado de pessoas.
Como não há indivíduos
Mas apenas peões da multidão,
As ideias confundem-se todas
Existindo apenas uma.
Quem não tiver essa ideia,
É excluído da massa por
Não ser considerado normal…
Na minha opinião,
Cada cidadão é um indivíduo,
E cada individuo possui opiniões,
Opiniões próprias que podem
Ou não, ser concisas e estruturadas.
Talvez por achar isso,
Me sinta sufocada pela
Civilização em massa.
6.4.09
2.4.09
Abdicação
Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.
Fernando Pessoa, 1913
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.
Fernando Pessoa, 1913
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